Toda geração parece ter uma
doença social que lhe é comum e eu diria que a da nossa é uma das piores que já
houveram. A patologia que nos é comum é fundamentada na velocidade. De tudo
reclamamos quando não é veloz: “E essa aula que não acaba!?”, “Esse trabalho
que não finda!?”, “Que internet lenta! Por acaso é discada?” e “Que droga de
atendimento! Agiliza aí!”. Apesar de algumas dessas frases justificarem a
ineficiência de certos serviços, elas, se refletidas, podem mostrar a nós um
pouco mais do que isso.
Você não vai escutar nada mais
comum entre as pessoas da nossa época que o velho “Estou sem tempo!” e é isso
que usam para justificar a tal velocidade das nossas ações. Dificilmente as
pessoas param para refletir acerca disso, pois quando clamam pelo tempo
esquecem de se perguntar para quê precisam de tempo e tudo fica compulsório.
Trabalho, estudo, compras, mercado, almoço, jantar, aula outra vez e parece que
esse ciclo estabelecido tem tolhido de nós a capacidade de olhar com um pouco mais
de seriedade para isso e entender que uma hora esse ciclo para, ou pelo menos
reduz seu ritmo, mas ainda continuamos com as mesmas justificativas. Talvez se
as pessoas soubessem que não é falta de tempo, mas sim falta de prioridade, que
causam suas maiores confusões organizacionais, elas entenderiam mais facilmente
o que se passam e poderiam tomar alguma atitude a respeito. Eu sei, é duro
mesmo ter que dizer para alguém que “não priorizou isso” ao invés de dizer que
“não teve tempo”, mas é no mínimo algo honesto.