Icó, cidadezinha pequena do interior do Ceará, tombada pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e local
de morada de gente que como eu passou a vida inteira olhando a beleza
arquitetônica, o por do sol no Largo do Thenberge; porém, além disso, uma cidade que
sofre com o mesmo cenário nacional de hoje, a retirada de direitos do povo. As
imagens de ontem (22/02/18) se mesclam entre orgulho, pela junção de tantos
movimentos sociais lutando pelos professores, pelo povo, pela educação básica
de Icó; mas também de indignação e revolta pela forma com que ainda somos
criminalizados por gritar a plenos pulmões que o que é de direito do povo, dos
professores não será tomado!
A prefeita em exercício, autora do
projeto que diminui a carga horária dos professores pela metade, se quer teve a
empatia e a sensibilidade de olhar para aqueles que dependem deste único
salário para sobreviver, e abro um parêntese aqui com o gosto amargo da
indignação, vocês sabem o que é ver uma professora chorando porque não vai ter
como pagar as contas? Sabem o que é ouvir um relato de uma professora falando
que vai ter que vender dindim pra poder pagar as passagens do filho que
estuda no Instituto Federal do Ceará, localizado no município de Cedro? Sabe o
que é sentir que como futura professora, você pode ser aqueles que choram hoje
por ter direitos pisoteados em sua cara, salário atrasado, ser recolocada pra
locais a longa distancia de onde você mora? E ai eu coloco o slogan do atual
governo do Icó, escolhido pela digníssima prefeita, “CIDADE FELIZ”... ou seria
(in)feliz? E ai é com maior nó na garganta que lembro e revejo as cenas de
ontem, gente de luta, sendo reprimida por um Secretário de Segurança TOTALMENTE
despreparado, crianças sendo atingidas, uma senhora de 86 anos foi atingida com
spray de pimenta, polícias rindo como se fosse satisfatório realizar esse tipo
de ato e ai eu pergunto a vocês: reprimir povo que somente levou a voz como
instrumento de luta é justo? É justo ter meu direito de ir e vir bloqueado a
manda da prefeita e vereadores?
Ontem, aparentemente, eu fiz uma viagem no tempo, e adivinhe, vim
parar em 1964, e acredite, os tempos sombrios não parar; mas como a luta também
não para, e nunca deve parar, vos digo, LUTO pra nós, pros professores, pros
movimentos sociais, pro povo em geral, é VERBO!!
Rita de
Cássia Guedes de Lavor
Graduanda em Letras Espanhol (UAB/UFC)
Moradora da cidade de Icó - CE
Fonte: Desconhecida (Facebook) |