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Então
é Natal e com esse período surgem as confraternizações e reuniões familiares.
Diversas famílias, hoje ou ontem, devem ter se reunido em torno de uma mesa
para fazer uma ceia, seja ela farta ou não, com a intenção de aproximar as
pessoas e retomar aquele espírito familiar.
São
festas lindas, em grande maioria, onde cada grupo comemora da sua forma, a que
mais agradar. Sorrisos, comidas, bebidas, fotos, trocas de presentes e mais
algumas coisas que vão mostrando a face da família; uma face alegre.
Uma
linda família que esconde por baixo dos sorrisos muito rancor e desunião.
Aquela aparente união, de fato, é uma desunião. Ligados pelo ente mais velho,
ou simplesmente por um sobrenome, o grupo sabe que não está completo, sabe que funciona
por pequenas estruturas interligadas somente por um ou dois nós e que quando
esses nós se forem toda a estrutura cai e a família passará a não se reunir
mais.
Em
outras palavras, diante daquelas memórias de uma família quase perfeita o que
restou foi apenas uma sombra do passado e uma ilusão que as pessoas fingem
acreditar; fingem que a família bonita ainda existe, enquanto lá no fundo sabem
que aos poucos o grupo vai morrendo, porque somente o sobrenome não é capaz de
mantê-los unidos. Alguns já perderem as forças para resgatar as raízes e as
ações superficiais já não são suficientes.
Contudo
o natal segue a cada ano. E nesse passar do tempo o grupo vai se reduzindo e das
pessoas que ficam poucas acreditam que é possível uma reviravolta. Muitas já
estão, na verdade, conformadas e só vão se reunir porque é o que tem por
enquanto que ainda existe aquele ente mais velho unindo. Outras ainda estão
mais ludibriados pela ilusão criada de que a família é forte.
Tudo
isso pode gerar uma situação desconfortável por dar uma sensação de artificial,
de algo forçado e que muitos sabem que é verdade, mas não vão reconhecer
publicamente para não gerar mais desconforto, mesmo esse desconforto podendo
ser algo positivo, porque dele, talvez, surja uma solução eficiente.
Entretanto,
é mais fácil aceitar a ilusão e, como já tinham me falado, as pessoas precisam
um pouco de ilusão, de ficção, da coisa mágica envolvida, então entre Papai
Noel e família perfeita, fico com o Papai Noel e prefiro encarar a sincera e
dolorida realidade de uma família.