Eu estava sentado no ônibus vindo de um curso ao lado de uma
amiga, quando ela me questiona:
Amiga: Lucas, vai
votar em quem para Governador?
Eu: Vou votar 42,
porque é a resposta da vida, do universo e de tudo mais kkk vou anular meu
voto.
Amiga: Anular?!
Mas tanta gente lutou, foram as ruas e se manifestou para que tivéssemos o
direito de votar e agora tu vai simplesmente anular.
Eu: Sim, é isso
mesmo que vou fazer. Acredito que lutamos, porque me incluo nessa história por
mais que não tenha vivido na época, para podermos ter o direito de votar e não
impor o voto, isso sem esquecer de falar que a lei me permite fazer isso.
Amiga: Eu sei que
a lei permite, mas tu vai deixar de fazer o teu papel de cidadão?
Eu: Mas eu vou
fazer o meu papel de cidadão, vou lá no dia votar, só que vou anular meu voto.
Amiga: Do que
adianta se não vale nada? Vai só jogar teu voto fora, porque ele não vai
alterar nada, só vai contar para as estatísticas.
Eu: É aí que você
se engana, porque meu voto vai valer muito e não será jogado fora, por mais que
seja anulado, porque dessas estatísticas podemos tirar diversas reflexões: por
que estão anulando tanto o voto? Por que estão votando tanto em branco? Por que
não estão indo votar? Essas estatísticas serviram de base para pesquisadores de
diversas áreas proporem diversas reflexões e daí começarmos a pensar e notar
onde estamos errando no nosso modelo político. Se ele não muda algo
diretamente, simplesmente votar em um candidato também não muda, é preciso
muito mais do que votar.
Amiga: Depois
você não pode reclamar do candidato que ganhar viu? Porque você decidiu jogar
seu voto fora. Pensa bem, se eu voto em um candidato, ele ganha e não faz nada
vou ser obrigada a falar “que pena que votei nele”, mas se o candidato que não
votei ganha e não faz nada posso falar “eu avisei que ele não ia fazer nada”,
mas tu não pode fazer isso, porque vai votar nulo.
Eu: Gostei do seu
exemplo, como votarei nulo, já prevendo que os dois só faram merda, vou poder
falar “eu avisei que ele não ia fazer nada” não importando quem ganhe kkkkk E
eu posso vou poder reclamar sim, porque ele vai estar me representando eu
querendo ou não. Mesmo que um candidato meu ganhe tenho o direito de ir lá e
reclamar, não é porque votei nele ou não que vou lamentar ou reclamar, isso vou
fazer com quem tiver eleito.
Amiga: Por que
não vota no menos pior? Vai deixar que outras pessoas escolham por ti?
Eu: Até tento
escolher o menos pior, mas vamos pegar o segundo turno no Ceará. Camilo e
Eunício, na minha reflexão são igualmente ruins, os dois antes estavam no mesmo
grupo político e agora estão cada um de um lado e, pior, lado a lado de
oligarquias, cada um na sua oligarquia. Não vejo vantagem alguma em escolher um
dos dois, porque os dois estão ao lado de formas ridículas de fazer política,
então, para mim, pouco importa caso um dos dois ganhe, porque não tem
diferença.
Amiga: Eu não me
sentiria bem em não votar.
Eu: Eu não me
sentiria bem em dar meu voto para a oligarquia de Tasso Jereissati ou para a
dos
Ferreira Gomes.
Amiga: Tu não
conseguiu me convencer a votar nulo.
Eu: E eu nem
queria isso, só queria mostrar que votar nulo não me faz menos cidadão, não
tira o meu direito de reclamar e muito menos é jogar meu voto fora. Posso até
nem ter conseguido mostrar isso, mas quem sabe alguém no ônibus que tenha
escutado nossa conversa tenha concordado comigo kkkk
(A conversa mistura ficção e realidade)