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Retirada do G1 (Foto: Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo) |
Eduardo tinha dez anos de idade.
Eduardo tinha pais, irmãos e
amigos.
Eduardo gostava de correr, de
brincar, de ver televisão, de rir de desenho animado e de comer bobagem antes
do almoço.
Eduardo queria ser bombeiro
quando crescesse.
Mas Eduardo não vai crescer. Ele
começou o dia criança e terminou cadáver. Tinha sonhos e agora é carne
machucada e sem vida. Seus verbos agora são no passado.
Eduardo de Jesus
Sonhou. Riu. Brincou. Viveu.
Eduardo foi executado por um
policial militar no Morro do Alemão. Sua morte não foi o principal destaque dos
portais e jornais. Quando foi noticiada, ele se transformou apenas em um
“menino do Morro do Alemão”, em uma estatística da violência.
Eduardo nasceu sem chances e sem
chances morreu.
Talvez Eduardo tivesse medo do
escuro. De monstros. De trovão. Talvez. Por outro lado, provavelmente tinha da
polícia. E estava certo em ter. Se eu fosse pobre e morasse na favela, também
teria – porque saberia que, para boa parte da sociedade e dos agentes da lei,
eu não seria apenas uma criança; seria um criminoso à espera de meu primeiro
crime.
Eduardo teve sua cabeça de
criança destruída pela bala de um policial militar. E nos portais que
noticiaram sua morte sem destaque, comentaristas agiram com escárnio e disseram
que, se pudessem, ajudariam a polícia militar a matar 50 por dia. E gritam pela
redução da maioridade penal em um país que já condena à morte crianças de dez
anos.
Você está morto, Eduardo, e eu
preciso ir ali abraçar meus filhos bem apertado enquanto penso na dor da sua
mãe cujos braços vão para sempre sentir a falta do calor de seu corpinho de
criança.
Desculpa esse mundo, Eduardo.
Desculpa esse mundo.
Pablo Villaça
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