Andando pela Av. da Universidade,
embaixo de uma leve chuva um jovem, negro, sujo, com roupa rasgada me aborda e
pergunta se tenho algum trocado. Não tenho, mas o cumprimento, ele me dá um
abraço e vai embora...
...um tempo depois o mesmo jovem
me aborda na Av. Treze de Maio e lá estamos nós novamente. Ele não me
reconhece, mas me cumprimenta e diz que acabou de sair da prisão e quer voltar
para casa, mas não tem dinheiro nem para comer e mais uma vez me pede um trocado.
Digo que não tenho, mas eu não tinha mesmo, e troco uma ou duas palavras com
ele...
...dias depois estou andando pela
Av. da Universidade e o vejo falando com alguém em uma parada de ônibus. Uma
amiga que estava comigo diz que ele estava assaltando a pessoa e levanta seus
argumentos, contudo não quero acreditar que o mesmo jovem que tinha trocado
algumas palavras comigo estaria fazendo aquilo que ele disse que não queria
fazer. Sigo meu caminho, mas aquilo fica na minha cabeça...
...ontem andando a noite pela Av.
Treze de Maio adivinha quem encontro? O mesmo jovem ao lado de outro andando.
Ele tenta me abordar, mas o pensamento de que ele possivelmente assaltou uma
pessoa dias antes faz com que eu o ignore e siga no meu caminho. Contudo essa
minha ação ficou perturbando minha mente: por que eu tinha feito isso? O que
isso pode gerar? Quais as consequências da minha ação naquela pessoa?
...hoje andando pela Av. Treze de
Maio adivinha quem encontro mais uma vez? Isso mesmo, o jovem. Dessa vez retiro
uma simples cédula de dois reais e vou até ele para entregar. Ele me reconhece
e digo que no outro dia não tinha nada para dar, mas dessa vez poderia ajudar.
Converso um pouco com ele sobre que decisões tomar, sobre tomar cuidado com
alguns caminhos e toda sua atenção olhando olho no olho mostra seu envolvimento
naquela conversa. Mas eu sei... eu sei que uma cédula de dois reais não mudará
em nada, não é de uma pequena assistência que ele precisa, mas foi o que deu
para fazer...
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Fonte |
...depois de conversar com uma
amiga pego minha bicicleta e sigo em direção a Av. da Universidade. Vejo o
jovem comprando uma garrafinha de água com os dois reais. Talvez aquela simples
assistência, aquela cédula de pouco valor tenha sido de muito valor e não tão
simples naquele momento...
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