Carnaval...
talvez a única época do ano que nunca vou conseguir entender por completo. Não
sei se máscaras são colocadas no rosto ou se máscaras são retiradas, talvez os
dois ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Deixem-me explicar melhor: olhe para
aquele grupo de pessoas em um mela-mela no carnaval, alguns fantasiados e
outros não, alguns bêbados e outros não, aí eu lhe pergunto quem ali está sendo
quem realmente é?
As
pessoas se soltam e fazem de tudo para se divertir, mas algumas fingem ser o
que não são, enquanto outros mostram o seu lado mais verdadeiro e nesse espaço
de múltiplos rostos notamos algumas coisas.
De
tudo tem um pouco e se pararmos para olhar direito veremos muito mais do que a
goma que poderia ser utilizada para fazer tapioca por dois dias. Vemos o lado
humano do político que existe por trás de tantas formalidades; o patamar de
igualdade entre o aluno e o professor no meio da folia; o rockeiro sambando e o
católico fazendo ritos originários da África que se parasse para pensar iria
chamar de “macumba”; o evangélico tradicional está fantasiado de diabo,
enquanto a pessoa que tem preconceito com o Nordeste desfila na ala das
baianas; note que bem ali no canto temos o defensor da família bêbado tentando
assediar uma moça e logo em seguida
vemos o homofóbico travestido.
Tudo
isso fica “normal” no carnaval, tudo isso é “permitido”. Uma festa “pagã” que
foi aderida pela Igreja Católica e que significa, segundo a Wikipédia, o “adeus
a carne” para logo em seguida cada um começar um momento de reflexão, só que
parece que as pessoas se esquecem de refletir sobre o próprio carnaval e, por
que não, refletir durante o próprio carnaval?
Não
é que eu odeio o carnaval, até gosto, mas ver tantas máscaras sendo colocadas e
outras caindo, e olha que não estou falando da fantasia, me obriga a pensar um
pouco sobre isso. E a conclusão que chego é que continua sendo a época do ano
que menos vou conseguir compreender.
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Foto: Cid Barbosa/Agência Diário (G1.com) |
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