sexta-feira, 4 de abril de 2014

Será o retrocesso a melhor resposta? - Erberson da Silva

Erberson da Silva
Vivemos uma situação peculiar na qual surge nas mídias e no meio eletrônico uma onda de passeatas prós e contras a volta da ditadura. A data na qual emergem tais movimentos não poderia ser mais simbólica: 50 anos do inicio da ditadura militar de 1964. O que, em minha opinião, ocorre é a falta de novas significações em tempos extremamente nebulosos. Não se deve confundir ou pedir antigas dinâmicas sociais, mas buscar novas possibilidades de compreensão e de mudança das problemáticas sociais.
É importante lembrar que já se observava um confronto simbólicos de uma díade de pelegos versus revolucionário, valores tradicionais versus “valores contra a família” entre outras denominações há um muito tempo. Se for possível relembrar já havia uma contraposição entre o comunista e reacionário no país. Esse contraponto formado entre essa aparente dualidade se mostra novamente em cena nas passeatas em prol de uma volta a ditadura e a uma resposta imediata os movimentos antifascistas. Está nova roupagem se dá e se mostra mais forte devido a valores históricos na qual volta como uma espécie de marco relembrando as possibilidades de conserto das problemáticas sociais presentes que se deram no passado. Se de um lado há pessoas que defendem uma intervenção militar como a solução para os “caminhos problemáticos” também existem defensores de que há uma nova possibilidade e ao não retrocesso de dinâmicas que atrasaram e sujeitaram os brasileiros a situações de espoliação e desigualdade social.
Posiciono-me numa situação na qual não deve ser aceito certos retrocessos. A ditadura militar se apresentou na história do Brasil prometendo salvar o país de uma onda comunista (???) e melhorar a situação econômica. O que de fato fez e é comprovado foi o uso da força militar para calar, esconder e matar homens e mulheres para citar somente uma das atividades escusas que ocorreram neste período da história do país. Os que defendem tal ponto trazem consigo uma defesa reacionária e conservadora que por vezes reproduzem uma opressão já vista em outros tempos (e até hoje também) e que suprime a igualdade de direitos e de bem estar de viver para uma parcela considerável da população.
O que de fato se vive é uma situação quase que apocalíptica. Só pra lembrar temos seres humanos que não conseguem suprir as necessidades mais básicas para sobreviver, vivemos numa dinâmica destrutiva de utilização de recursos finitos, uma situação política e econômica que insiste em beneficiar uma minoria por meio da espoliação de uma maioria entre outros grandes problemas que somos constantemente defrontados no viver. O que acredito ocorrer é uma perplexidade de todos em não conseguir responder as causas e nem oferecer soluções adequadas para as problemáticas que passam em âmbito, local, regional e global.
Há opiniões que oferecem uma saída por meio da força e do autoritarismo e outros que acreditam em soluções que socorrem a dinâmicas humanistas e de noções de comunidades. Os indivíduos estão sujeitos às essas correntes de pensamento e formam suas opiniões e visões intercalando tais perspectivas sendo que há uns com certas inclinações para um lado do que pra outro e que tem ou não a habilidade de dialogar. Esse tipo de relação social sempre vai existir e quase sempre oferecerá situações complicadas. O problema reside para mim na dificuldade de transpassar valores e ideias que não respondem mais aos problemas enfrentados. Nem a opção fascista e conservadora nem as ideias classificadas como socialista/comunistas apresentam grandes avanços reais. No máximo algumas ideias em um plano idealista.
                O que deve haver é um esforço de cada um de nós para buscar se fazer o melhor dentro das possibilidades que nos são expostas. Trabalhar no campo simbólico e no prático para se pensar e agir de forma a melhorar a situação de vida. O que se sabe é que o que nos é imposto atualmente é longe do ideal. A discussão boba de ideias pouco eficazes só serve pra mostrar o quão distantes estamos de uma dinâmica minimamente harmônica e humanista para a solução das problemáticas sociais enfrentadas por todos. E que também há parcelas significativas de indivíduos que acreditam em soluções violentas e autoritárias. Não precisamos ir muito longe para descobrir discursos inflamados pedindo a morte e a supressão de direitos como uma caminho para acabar com os problemas da sociedade.
                Sabemos dos problemas e o que resta, momentaneamente, é ver o que haverá de problemas e de soluções mais para frente. E também buscar evitar que grandes erros se repitam. Ditadura, autoritarismo não apresentam respostas só continua a dinâmica já existentes de desigualdade e espoliação do ser humano. É importante, por fim, suprimir essa situação conflitiva e buscar trabalhar os problemas que realmente afetam o bem estar e emancipação humana.



Um comentário:

  1. Enquanto há vida, há esperança.
    Esse dito popular serve para ilustrar tal texto.
    Ver um jovem nos dias de hoje produzir tais análises me faz ainda crer no trabalho dos professores.
    E observem a grandeza da Democracia: Erberson faz um texto desses e não corre o risco iminente de " sumir".

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