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Erberson da Silva |
Vivemos uma situação peculiar na qual surge
nas mídias e no meio eletrônico uma onda de passeatas prós e contras a volta da
ditadura. A data na qual emergem tais movimentos não poderia ser mais
simbólica: 50 anos do inicio da ditadura militar de 1964. O que, em minha
opinião, ocorre é a falta de novas significações em tempos extremamente
nebulosos. Não se deve confundir ou pedir antigas dinâmicas sociais, mas buscar
novas possibilidades de compreensão e de mudança das problemáticas sociais.
É importante lembrar que já se observava um
confronto simbólicos de uma díade de pelegos versus revolucionário, valores tradicionais versus “valores contra a família” entre outras denominações há um
muito tempo. Se for possível relembrar já havia uma contraposição entre o
comunista e reacionário no país. Esse contraponto formado entre essa aparente
dualidade se mostra novamente em cena nas passeatas em prol de uma volta a
ditadura e a uma resposta imediata os movimentos antifascistas. Está nova
roupagem se dá e se mostra mais forte devido a valores históricos na qual volta
como uma espécie de marco relembrando as possibilidades de conserto das problemáticas
sociais presentes que se deram no passado. Se de um lado há pessoas que
defendem uma intervenção militar como a solução para os “caminhos
problemáticos” também existem defensores de que há uma nova possibilidade e ao
não retrocesso de dinâmicas que atrasaram e sujeitaram os brasileiros a
situações de espoliação e desigualdade social.
Posiciono-me numa situação na qual não deve
ser aceito certos retrocessos. A ditadura militar se apresentou na história do
Brasil prometendo salvar o país de uma onda comunista (???) e melhorar a
situação econômica. O que de fato fez e é comprovado foi o uso da força militar
para calar, esconder e matar homens e mulheres para citar somente uma das
atividades escusas que ocorreram neste período da história do país. Os que
defendem tal ponto trazem consigo uma defesa reacionária e conservadora que por
vezes reproduzem uma opressão já vista em outros tempos (e até hoje também) e
que suprime a igualdade de direitos e de bem estar de viver para uma parcela
considerável da população.
O que de fato se vive é uma situação quase que
apocalíptica. Só pra lembrar temos seres humanos que não conseguem suprir as
necessidades mais básicas para sobreviver, vivemos numa dinâmica destrutiva de
utilização de recursos finitos, uma situação política e econômica que insiste
em beneficiar uma minoria por meio da espoliação de uma maioria entre outros
grandes problemas que somos constantemente defrontados no viver. O que acredito
ocorrer é uma perplexidade de todos em não conseguir responder as causas e nem
oferecer soluções adequadas para as problemáticas que passam em âmbito, local,
regional e global.
Há opiniões que oferecem uma saída por meio da
força e do autoritarismo e outros que acreditam em soluções que socorrem a
dinâmicas humanistas e de noções de comunidades. Os indivíduos estão sujeitos às
essas correntes de pensamento e formam suas opiniões e visões intercalando tais
perspectivas sendo que há uns com certas inclinações para um lado do que pra
outro e que tem ou não a habilidade de dialogar. Esse tipo de relação social
sempre vai existir e quase sempre oferecerá situações complicadas. O problema
reside para mim na dificuldade de transpassar valores e ideias que não
respondem mais aos problemas enfrentados. Nem a opção fascista e conservadora nem
as ideias classificadas como socialista/comunistas apresentam grandes avanços
reais. No máximo algumas ideias em um plano idealista.
O que deve haver é
um esforço de cada um de nós para buscar se fazer o melhor dentro das possibilidades
que nos são expostas. Trabalhar no campo simbólico e no prático para se pensar
e agir de forma a melhorar a situação de vida. O que se sabe é que o que nos é
imposto atualmente é longe do ideal. A discussão boba de ideias pouco eficazes
só serve pra mostrar o quão distantes estamos de uma dinâmica minimamente
harmônica e humanista para a solução das problemáticas sociais enfrentadas por
todos. E que também há parcelas significativas de indivíduos que acreditam em
soluções violentas e autoritárias. Não precisamos ir muito longe para descobrir
discursos inflamados pedindo a morte e a supressão de direitos como uma caminho
para acabar com os problemas da sociedade.
Sabemos dos
problemas e o que resta, momentaneamente, é ver o que haverá de problemas e de
soluções mais para frente. E também buscar evitar que grandes erros se repitam.
Ditadura, autoritarismo não apresentam respostas só continua a dinâmica já
existentes de desigualdade e espoliação do ser humano. É importante, por fim,
suprimir essa situação conflitiva e buscar trabalhar os problemas que realmente
afetam o bem estar e emancipação humana.
Enquanto há vida, há esperança.
ResponderExcluirEsse dito popular serve para ilustrar tal texto.
Ver um jovem nos dias de hoje produzir tais análises me faz ainda crer no trabalho dos professores.
E observem a grandeza da Democracia: Erberson faz um texto desses e não corre o risco iminente de " sumir".