quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pensar a Cidade para o futuro - Jornal O Povo

                Para construir uma cidade melhor é necessário voltar o olhar para áreas que pedem atenção há tempos e são fundamentais no desenho citadino. Segundo especialistas ouvidos pelo O POVO, Fortaleza precisa parar e começar a refletir sobre o modo de vida que queremos ter nos próximos anos. Eles apontam cinco eixos que precisam ser pensados “O planejamento tem que ter estratégias de ação, mas não em perspectiva ideológica. Pensar a cidade com democracia, inclusão, criação de oportunidades – onde seja levada em conta a cidadania em conceito amplo”, pontua o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Bozarcchiello.
                A oferta de itens básicos – como saneamento e distribuição de água - são pontos fundamentais para o crescimento ordenado do espaço urbano. De acordo com Bozarcchiello, o abastecimento não acompanhou o crescimento da população. “Uma cidade desse porte tem problemas até com o saneamento básico”, lembra. Essa ausência ou precariedade nas condições de moradia, conforme explica Irlys Barreira – professora do Departamento de Ciências Sociais da UFC - é um reflexo da desigualdade social. “Acesso desigual a todos os bens: educação, saúde, cultural. Não é só desigualdade de dinheiro, é desigualdade de oferta. A cidade precisa permitir que essas pessoas tenham acesso à escola pública, à praça pública”, diz.
                Entretanto, para que as massas possam frequentar esses equipamentos, é necessário que eles estejam próximos. É nesse momento que o poder público deve atuar como direcionador. Balizando quais estruturas devem estar em quais bairros, onde é necessário ampliar escolas ou postos de saúde, quais áreas devem receber praças e parques. Um dos entraves, conforme explicam os especialistas ouvidos pelo O POVO, é que o capital privado direciona quais áreas de Fortaleza vão receber atenção. Assim, ao invés dos bairros já nascerem com oferta e demanda, eles acabam surgindo sem assistência.

                Na falta de estrutura adequada perto de casa, o cidadão se desloca mais. As pessoas precisam fazer muitas viagens todos os dias, enquanto poderiam ter equipamentos básicos perto de casa, conforme explica Amíria Brasil, mestre em Desenvolvimento Urbano e professora de Arquitetura. “Em Fortaleza, temos tratado investimentos em mobilidade urbana como investimentos em sistema viário Para melhorar a mobilidade urbana é necessário que a gente invista em vários tipos de transporte, e que a gente pense a distribuição das atividades de forma que otimize os deslocamentos dentro da cidade”, explica Amíria.



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