Neste
dia... 13 de março ...você já parou para pensar no que já aconteceu com você no dia
de “hoje”, mas nos anos anteriores? Quem era você no dia 13 de março de 2015, 2012,
2009, ..., até o dia que nasceu?
Se
você é um usuário assíduo do Facebook, assim como eu, que costuma expor parte
da sua vida e ideias pode contar com o recurso “NESTE DIA” para ver tudo que
postou nos últimos anos e em algumas vezes pode parecer constrangedor ver
algumas ideias.
Um
exemplo disso é vejo que já postei dizendo que bandido bom é bandido morto, fui contra a legalização do aborto (já virou até texto aqui), disse que
greve é perder tempo e tantas outras
ideias que vão justamente ao contrário do que hoje defendo, mas o Facebook faz
questão de lembrar de tudo isso, mas isso não é ruim e não há motivos para vermos
tudo isso e simplesmente querermos apagar de nossas vidas.
“Mas
eu não sou mais aquela pessoa que falou tudo isso” você pode dizer e não estará
totalmente equivocado, mas, em partes, você ainda é aquela pessoa que postou
tudo aquilo, mesmo que não concorde com as ideias.
Notemos
que você nasceu sendo uma pessoa, cresceu sendo uma pessoa e ainda é essa
pessoa. Qualquer pessoa amiga sua sabe disso, porque vai lembrar do seu nome e
do que conhece da sua história, é você, mas ao mesmo tempo essa pessoa amiga
sabe que você mudou e quando você olha para o passado sabe que mudou e, talvez,
já não se veja naquela pessoa do passado.
Como pode ser você aquela pessoa do passado e ao mesmo tempo a pessoa de
hoje?
Primeiramente
vamos entender que todo sistema, principalmente os sistemas vivos, possuem organizações e estruturas. A organização
faz referência às relações entre componentes que definem a identidade de um
sistema. A estrutura é formada pelas
componentes mais as relações entre elas, aquilo que torna uma unidade
particular.
“Os componentes e relações entre componentes
particulares que fazem esta mesa e não outra constituem a estrutura. Notem que
na organização não faço referência aos componentes. Os componentes têm que
satisfazer as relações da organização. A estrutura tem que satisfazer as
relações da organização, mas a organização não faz referência aos componentes.
A estrutura, sim. Ao mesmo tempo, vocês irão notar que, no momento em que mudar
a organização de um sistema ou de uma unidade composta, esta deixa de existir.
A organização é necessariamente uma invariante. Se a organização define a
identidade de classe de uma unidade composta ou de um sistema, no momento em
que mudar a organização, muda a identidade de classe - o sistema passa a ser
outra coisa. A morte é a perda da organização autopoiética, é a perda da
organização da própria vida.” (MATURANA, Humberto; Cognição, Ciência e Vida
cotidiana, p. 79, UFMG, 2006)
Em
outras palavras, peguemos você como um exemplo. Existe a organização que diz
quem você é e a sua estrutura. Caso você venha a perder alguma parte do seu
corpo sua estrutura será modificada, mas você continua sendo você, porque sua
organização se mantém. O mesmo acontece quando você tem uma nova ideia ou
aprende algo novo: suas estruturas internas são modificadas, mas sua
organização permanece inalterada.
Note
que a todo instante mudamos nossas estruturas, porque somos bombardeados por
ideias, pensamentos e situações em nossa vida que vão nos modificando, mesmo que
não notemos, mas você continuará sendo você, porque temos a capacidade de manter
nossas organizações inalteradas (Anakin Skywalker e Darth Vader são a mesma
pessoa? Seria uma mudança estrutural ou da organização?).
Logo,
passamos por processos que vão nos modificando a cada instante de nossa vida.
Então quando rever tudo aquilo que já pensou no passado, por mais absurdo que
possa parecer hoje, veja com os olhos de alguém que passou por processos que
levaram-lhe a uma mudança estrutural para formar sua estrutura atual, mas ainda
permanece com a própria identidade, você do passado é você de hoje, porque sua
organização não mudou. Aquela frase “você não pode mudar sua essência” talvez
esteja correta.
Para pensar: grupos de pessoas também formam um sistema e estão ali
em constante interação. No Brasil temos um sistema político com inúmeros casos
de corrupção. O Governo da Dilma faz parte desse sistema (não estou dizendo que
a presidenta é corrupta, mas a gestão está inserida no sistema mesmo que não faça
algo corrupto), então o governo é um componente desse sistema, faz parte da
estrutura. Tira-la da gestão e colocar uma outra gestão irá resolver o problema
da corrupção mesmo sendo apenas uma mudança estrutural? A mudança estrutural
ainda manteria a organização do sistema voltada para corrupção, então
precisamos de uma mudança na organização, desfazer o sistema e construir um
novo. Quem sabe uma reforma política?
Para complementar:
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