“... numa terça-feira, 2 de
junho daquele distante 1914, dois jovens caminhavam descontraidamente pelo
Centro de Fortaleza. Eram Luís Esteves Júnior e Pedro Freire a conversar sobre
assuntos vários, destacadamente política internacional. Lá para as tantas, após
Pedro Freire chutar uma pedrinha no meio do caminho, o assunto passou a girar
em torno do football. Surgiu, então a ideia de formar um team para a prática
daquela saudável, divertida e moderna modalidade esportiva.” (Trecho
retirado do livro Ceará – Uma história de
paixão e glória do prof. Aírton de Farias, publicado pelo Armazém da
Cultura)
Assim nascia o
Rio Branco, time que no próximo ano passaria a se chamar Ceará, e nascia a
alegria, emoção, raiva e gritos de toda uma nação. Surgiu ainda em um contexto
onde o esporte era praticado, em sua maioria, pelos “bons moços” da sociedade,
mas o Vovô seria um dos primeiros times a abraçar a profissionalização do
esporte e permitir a participação de negros e pessoas de classe sociais
menores, se assim posso dizer.
Graças a isso
rapidamente o Ceará caiu nas graças do povão e tornou-se a maior torcida do
estado, título que carrega até hoje. Desculpem-me torcedores do Fortaleza, mas
é um fato incontestável!
E é essa torcida
que o Vovô de Porangabussu faz ir ao delírio toda vida que está próximo de um
jogo complicado. Alguns chamam, pejorativamente, de torcedores modinha, mas vou
lhes dar outra explicação. O Ceará possui muitos torcedores, mas por seus
motivos nem todos podem acompanhar todos os jogos do time, isso é normal, todos
possuem compromissos e outras prioridades, mas tudo muda perto de algum jogo ou
situação decisiva, é algo que não tem como explicar direito, está o sangue.
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Imagem retirada da internet |
Um chamado...
talvez possamos definir essa sensação como um chamado, uma convocação. Toda a
torcida alvinegra é convocada para ajudar o clube naquela decisão. A nação
alvinegra se reuni e prepara-se para defender o Vozão que mostra resposta
diante da paixão de sua torcida.
Ainda me lembro,
com lágrimas nos olhos, de um dos maiores torcedores que esse time já possuiu,
o meu avô. Seu entusiasmo pelo clube tornou “torcer pelo Ceará” quase um
pré-requisito para a família Monte, logo ele que bem no início da sua vida não
acompanhava futebol, nem interesse tinha pelo esporte, mas o destino fez dele um
dos maiores torcedores alvinegros.
Ele não era um
daqueles torcedores que ia todos os jogos para o estádio, mas era aquele que
não largava o radinho do pé do ouvido e diminuía o volume toda vida que seu
neto curioso perguntava alguma coisa sobre o jogo, eu nem conseguia acompanhar
o ritmo da narração no rádio, mas entendia a expressão que ele fazia e que era
afirmada pela expressão que meu pai também vazia.
Talvez a mesma
expressão de muitos torcedores... expressões que iam desde alegria até
tristeza, mas que nos últimos anos só são boas expressões, em sua maioria.
Pode até parecer
que estou fugindo totalmente da ideia do blog, mas não, muito pelo contrário.
Vejam a influência que um time de futebol pode fazer em toda uma sociedade, as
influências desse clube dentro de uma família. É capaz de unir um grupo de
pessoas e fazer com que essas passem horas debatendo e até apostando nos
resultados dos jogos e muitas vezes esses debates se elavam. Engana-se quem pensa
que em um debate sobre futebol fica apenas no futebol, muitas vezes ao falar de
futebol temos que falar de política, economia, exercitamos nossa matemática,
porque pense na estatística que roda nossa cabeça para tentar prever o
resultado de um jogo.
E o Ceará causou
muitos debates, afinal em cem anos de história dá para se debater muita coisa.
São cem anos, o primeiro time cearense, o que tem mais títulos, o maior do
estado...
... que tal
conversarmos um pouco essa semana sobre toda essa história? Ah como eu queria
meu avô nesse momento para me ajudar nisso, mas não tem problema, tenho sua
história comigo.
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