sábado, 13 de abril de 2013

Fortaleza bela e vulnerável


Antes de começar esse texto eu tenho que dizer:

PARABÉNS, FORTALEZA!!!


                Hoje a cidade de Fortaleza completa 287 anos. Nesse período toda a região se desenvolveu muito e foi alvo de disputas entre português, espanhóis, holandeses e índios, mas infelizmente hoje ela é dos Ferreira Gomes. Uma cidade que cresceu nas margens do riacho Pajeú, mas hoje o riacho está sufocado pelo desenvolvimento econômico descontrolado durante todos esses anos. Uma cidade belíssima que é desconhecida pelos próprios moradores.


                Sim! Os próprios moradores desconhecem a cidade, eu mesmo desconheço boa parte do território fortalezense, mas nos últimos anos venho me preocupando com isso e estou aos poucos tentando conhecer os pontos de grande importância histórica e cultural da cidade.
                Por isso que hoje eu participei das Trilhas Urbanas organizadas pelo LAPUR — Laboratório de Planejamento Urbano e Regional. As trilhas acontecem todo ano no dia do aniversário de Fortaleza e é constituído de cinco rotas pelo centro da cidade. Em cada rota os guias vão falando da importância histórica, cultural, econômica e social dos locais. O brilhante projeto permite que a pessoa conheça a sua cidade no local de sua origem, o centro.
                Em 2011 eu participei da rota Geometria Territorial do Poder que passava pelos pontos que representavam ou representam algum tipo de poder na cidade. A rota ia desde a Praça do Ferreira, que representava o poder cultural no início da Padaria Espiritual, até o Forte Nossa Senhora da Assunção, passando pela Catedral da cidade. Resumindo, conhecemos o poder cultural, religioso, político, militar e econômico.
                Nesse ano eu escolhi a rota Fortaleza bela e vulnerável que mostrou os pontos que eram ou são considerados ainda belos na cidade e falar da vulnerabilidade desses locais e da cidade.
Cidade das Crianças
               O primeiro ponto por onde passamos foi a Cidade das Crianças, um local onde é possível ver diversos símbolos de exaltação ao índio, ao amor e a libertação dos escravos. Isso tem muito pela cidade onde sempre tentam representar a força do índio como movimento de resistência à colonização, os escravos por causa da libertação deles antes mesmo da libertação dos escravos do Brasil, mas vale ressaltar que os escravos no Ceará foram libertos porque não tinham um valor econômico. Antes o local era ocupado por estudantes das escolas que tinham ao redor, mas com o fechamento das escolas os estudantes sumiram do local e com o tempo a própria população foi perdendo o hábito de se encontrar lá e hoje o local é ocupado por moradores de rua.
                No meio da Cidade das Crianças existe uma lagoa, pois a geomorfologia de Fortaleza propicia a formação de lagoas, o que acaba facilitando alagamentos durante o período chuvoso graças à impermeabilização do solo.
Riacho Pajeú

                O segundo ponto foi o riacho Pajeú, ou o que sobrou dele. Para conseguir ver a situação do riacho nós tivemos que entrar em um estacionamento particular que tem ao lado do riacho. Os empreendimentos ao redor sufocaram o Pajeú e o local se tornou um verdadeiro esgoto a céu aberto. Porém antes as pessoas tinham o maior cuidado com o local, pois não havia água encanada, então toda a água potável vinha daquele riacho, mas quando as casas passaram a ter água encanada a população parou de cuidar do Pajeú, pois para muitos aquele local não tinha mais tanta importância. É triste ver o local onde a cidade nasceu ter virado um verdadeiro esgoto.
Passeio Público
                Depois do esgoto Pajeú nós seguimos até o Passeio público. Esse sim é um local belo hoje em dia. Também conhecida como Praça dos Mártires em homenagem às pessoas da confederação do Equador que foram executadas no local. O local antigamente era o point de encontro da elite fortalezense, as pessoas se encontravam na praça para conversar, paquerar, passar o tempo e por aí vai, mas todos tinham que estar bem vestidas, afinal era um local de elegância. Com um tempo tudo foi mudando e o espaço passou a ser abandonado e ocupado pela prostituição. Para não perder o local a prefeitura restaurou a praça, colocou seguranças, um restaurante e internet de graça para atrair a população. De fato o projeto deu resultado, a noite já se vê até uma parte da população que possui renda mais alta passeando pelo local, mas a população mais pobre ainda tem um acesso limitado. Eles não são impedidos, mas é difícil o acesso usando transporte público e a alimentação na região é muito cara, ou seja, só atrai a população mais rica.

Praça José de Alencar
                Por último chegamos à Praça José de AlencarPraça essa que carrega o nome de um grande escritor cearense, na praça também fica o famoso Teatro José de Alencar. O local pode ser considerado a expressão máxima da organização desordenada (nem sei se posso falar assim) do subemprego. Diversos ambulantes ocupam o local, é tanto que ficou difícil escutar o guia, então não posso falar muita coisa sobre o local.
                O que é importante concluir sobre isso tudo é que precisamos conhecer melhor o local onde moramos, é preciso que criemos uma relação de identidade com os nossos ambientes de convivência. Afinal, como posso falar que gosto de um local se eu não o conheço? Como posso querer o melhor para a cidade sem ao menos tentar conhece-la? Não podemos simplesmente sair planejando soluções, é preciso conhecer a história e a importância do local é preciso criar IDENTIDADE.




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