Lixo...
LIXO... MUITO LIXO... eita palavra bonita: lixo. Pelo menos eu acho legal de
pronunciar essa palavra, porque seu som é um pouco diferente, mas não sei
explicar (se tiver alguém dessa área que possa explicar, ficaríamos gratos).
Porém é uma palavrinha que gera tanto debate e justamente porque geramos muito
lixo.
As
vezes até mesmo os próprios debates sobre o lixo são um lixo... talvez até meus
textos sejam um lixo as vezes, mas podemos reaproveita-lo. Sem enrolar mais do
que já estou enrolando, é disso que iremos conversar um pouco.
E
por que foquei tanto em “enrolar” falando sobre lixo? Porque vivemos no meio
dele e talvez nem mesmo sejamos capazes de enxergar isso, porque aos poucos
vamos perdendo a habilidade de olhar para o chão e ver o rastro que deixamos e
não estou exagerando.
Poderei
ser questionado com o fato de sempre meus textos estarem ligados, ou grande
parte deles, com as questões ambientais e isso me faz ver o problema com olhos
diferentes e não vou tirar a razão de quem questionar isso, porque sim temos
que ver o problema com outros olhos.
Contudo
isso é necessário para enxergarmos a complexidade de algo que as vezes parece
tão simples como o lixo que está diretamente ligado com problemas ambientais, socioeconômicos,
políticos e culturais. Lixo não, resíduos sólidos... aquilo que não queremos
mais e jogamos fora, porque não tem mais valor algum para nós e todo dia
fazemos isso, cada um de nós, cada fortalezense e juntos produzimos 5.876,69 toneladas/dia de resíduos
sólidos só em Fortaleza.
Somos
o munícipio que mais produz resíduos sólidos no Ceará e mandamos nossos
resíduos para o Aterro Sanitário da Caucaia. Mais de 5 mil toneladas por dia e
boa parte desse material perde quase todo o seu valor econômico, porque não
teve um cuidado adequado durante o seu manejo e/ou, principalmente, seu
descarte.
Isso
acontece, principalmente, porque não temos leis fortes que sejam capazes de
administrar esses resíduos, porém em 2010 o, na época, presidente Lula aprovou
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) onde seu principal objetivo era
acabar com os lixões, organizar a forma como tratamos os resíduos sólidos e
procurar a cooperação entre os diversos setores, tanto público como privados,
sempre visando a prevenção e precaução, visão sistêmica que considere as
variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde
pública e reconhecer o resíduo sólido como um bem econômico. A lei também dá um
prazo de quatro anos para os municípios efetivaram a lei.
Infelizmente
nesse mês chegamos no fim do prazo e estamos longe de atingirmos o nosso
objetivo, porque ainda temos 280 lixões no estado do Ceará. Só para termos uma
noção melhor em números, mais ou menos, em 2010 cada fortalezense produzia em
média quase um quilo de resíduos por dia, porém, hoje, produzimos em média pouco
mais de 2 kg por dia, então isso motiva algumas perguntas, como por exemplo: o
que levou o fortalezense a produzir mais resíduos sólidos?
E
querendo ou não temos que perguntar o que de fato está sendo feito com relação
aos resíduos sólidos na nossa cidade, porque o prazo está acabando e não
estamos conseguindo ver nenhum projeto que realmente traga uma solução de acordo
com o que é proposto na Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Não
temos educação ambiental de verdade e as poucas instituições que ainda lutam
para desenvolver uma educação ambiental possuem diversas limitações e a educação
ambiental causaria grande mudança em como descartamos os resíduos. É válido
lembrar que essa educação ambiental não tem que ser dada apenas pelas
instituições de ensino, porque elas precisam ser acessíveis a todos da
população o que de fato não ocorre.
Outro
ponto da PNRS que poderia ser trabalhado em peso é o incentivo a cooperativa de
catadores de lixo, que desculpem-me o que vou falar, fazem um serviço, em sua
grande maioria, bem melhor do que os caminhões coletores, porque esses
caminhões pegam todo os resíduos e misturam, então peço uma coisa a você, caro
leitor e é algo que vou pedir para mim também, que quando separarmos o lixo da
nossa residência darmos preferência a um catador de lixo.
Sim...
aquele cara que passa com um carrinho
onde muitos de nós preferimos virar a cara do olhar para eles ou que alguns
usam como exemplo de fracasso para o seu filho... aquele carinha sustenta a família dele com aquilo que você diz não ter
valor, então pelo menos vamos tentar ter um pouco de bom senso e ajuda-los
nesse serviço desgastante, vamos separar o lixo, porque parece que pedir para
que nós reduzamos o nosso descarte ainda é algo “utópico”, por mais que eu acredito muito que é possível.
A
todos nós fica um pedido: vamos pensar melhor naquilo que descartamos, vamos
rever a nossa forma de descarte e vamos cobrar um manejo mais adequado dos
resíduos.
Cavalo de Lata / Abralatas |
Aos
nossos representantes fica um recado: está na hora de começarem a procurar
projetos eficientes de educação ambiental e gestão de resíduos sólidos. Ainda
deixo um aviso, invistam nos catadores de lixo. Um tempo atrás a Funasa estava investindo
em Cooperativa Populares de Catadores e também tem o projeto Cavalo de lata que
é muito interessante e que poderíamos pensar em ter por aqui.
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