segunda-feira, 6 de março de 2017

As margens do Rio Ceará...

No dia 04 de março, um sábado, pela manhã a Polícia Militar ocupa um espaço na Barra do Ceará (morro de Santiago) com a proposta de pacificar a região. “A medida faz parte da operação Ocupação – Marco Zero, deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), e está inserida nas ações do programa Pacto por um Ceará Pacífico. ” (Jornal O Povo).

Foi montado uma tenda, colocado bandeira e definido um plano de ações ostensivas para a região. Tudo para garantir a ocupação da PM. “Segundo [André] Costa [secretário de segurança pública], a escolha da Barra do Ceará tem um simbolismo, já que uma das teorias históricas diz ter sido lá onde Fortaleza nasceu, o chamado “marco zero”. ” (Jornal O Povo).

Dia 05 de março, um domingo, pela tarde eu estou no ônibus 051 – Grande Circular voltando de um almoço bem agradável e animado dentro do ônibus para chegar em casa e fazer um brownie vegano. Tudo certo até uma ação policial parar o ônibus. Um policial já chega gritando e mandando quem pulou a catraca descer (ninguém tinha pulado). Como ninguém se pronunciou começaram a escolher algumas pessoas para descer, até chega outro agente e diz para os homens descerem. Olha para algumas mulheres e escolhe algumas para descer também.

Desço do ônibus e vou para o canto tranquilamente até um policial chegar e gritar para eu colocar a mão na cabeça. Fico lá esperando ser revistado. Policial chega gritando no ouvido de todo mundo para olhar pra frente e eis que chega minha hora de ser revistado.

Com toda brutalidade desnecessária sou revistado e o tempo todo tendo que escutar palavras que incomodavam bastante. “Já disse pra abrir as pernas” e com dois chutes as pernas ficam mais abertas e sem equilíbrio fico torto. Depois da revista solto minhas mãos e antes de baixa-las já escuto “eu disse para baixar?! Todo mundo com mão na cabeça!”.

Imagem: Google Maps
Enquanto toda aquela agressividade se repetia com as outras pessoas e com quem passava de moto ou bicicleta fiquei olhando o Rio Ceará. Em meu momento de contemplação lembro-me que naquela mesma região começou a colonização do Ceará. O Capitão-mor Pero Coelho constrói na região o Fortim de São Tiago. Depois outro militar, Martim Soares Moreno, constrói outro forte no mesmo local que tinha sido o de São Tiago, o Fortim de São Sebastião. Durante esse período de ocupações militares na colonização, fortes foram bastante utilizados para garantir as ocupações.


Esses da região da Barra do Ceará tiveram dificuldades, porque tiveram que enfrentar a “agressividade” de indígenas. Eu prefiro dizer que foi a revolta do povo que realmente pertencia aquele local. Essa parte da história sempre me chamou a atenção, porque os grupos indígenas conseguiram derrubar os fortes e vencer esses militares. Esse foi meu momento de contemplação.

A contemplação acaba quando a PM manda o ônibus ir embora e a gente ficar, então um senhor praticamente implora para voltar ao ônibus e nesse momento consigo retornar ao veículo. Em uma última olhada para a região começo a notar que mais de 400 anos depois a história parece se repetir. Mesmas estratégias, praticamente as mesmas intenções, os mesmos discursos... quase irônico.


Logo em seguida alguém coloca para tocar no celular algumas músicas do Racionais, parecia a trilha sonora perfeita para o momento.
Lucas


Um comentário:

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