terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

No carnaval é normal

                Carnaval... talvez a única época do ano que nunca vou conseguir entender por completo. Não sei se máscaras são colocadas no rosto ou se máscaras são retiradas, talvez os dois ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Deixem-me explicar melhor: olhe para aquele grupo de pessoas em um mela-mela no carnaval, alguns fantasiados e outros não, alguns bêbados e outros não, aí eu lhe pergunto quem ali está sendo quem realmente é?
                As pessoas se soltam e fazem de tudo para se divertir, mas algumas fingem ser o que não são, enquanto outros mostram o seu lado mais verdadeiro e nesse espaço de múltiplos rostos notamos algumas coisas.
                De tudo tem um pouco e se pararmos para olhar direito veremos muito mais do que a goma que poderia ser utilizada para fazer tapioca por dois dias. Vemos o lado humano do político que existe por trás de tantas formalidades; o patamar de igualdade entre o aluno e o professor no meio da folia; o rockeiro sambando e o católico fazendo ritos originários da África que se parasse para pensar iria chamar de “macumba”; o evangélico tradicional está fantasiado de diabo, enquanto a pessoa que tem preconceito com o Nordeste desfila na ala das baianas; note que bem ali no canto temos o defensor da família bêbado tentando assediar uma moça  e logo em seguida vemos o homofóbico travestido.
                Tudo isso fica “normal” no carnaval, tudo isso é “permitido”. Uma festa “pagã” que foi aderida pela Igreja Católica e que significa, segundo a Wikipédia, o “adeus a carne” para logo em seguida cada um começar um momento de reflexão, só que parece que as pessoas se esquecem de refletir sobre o próprio carnaval e, por que não, refletir durante o próprio carnaval?

                Não é que eu odeio o carnaval, até gosto, mas ver tantas máscaras sendo colocadas e outras caindo, e olha que não estou falando da fantasia, me obriga a pensar um pouco sobre isso. E a conclusão que chego é que continua sendo a época do ano que menos vou conseguir compreender.


Foto: Cid Barbosa/Agência Diário (G1.com)




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