sábado, 5 de março de 2016

Menino na rua

Andando pela Av. da Universidade, embaixo de uma leve chuva um jovem, negro, sujo, com roupa rasgada me aborda e pergunta se tenho algum trocado. Não tenho, mas o cumprimento, ele me dá um abraço e vai embora...

...um tempo depois o mesmo jovem me aborda na Av. Treze de Maio e lá estamos nós novamente. Ele não me reconhece, mas me cumprimenta e diz que acabou de sair da prisão e quer voltar para casa, mas não tem dinheiro nem para comer e mais uma vez me pede um trocado. Digo que não tenho, mas eu não tinha mesmo, e troco uma ou duas palavras com ele...

...dias depois estou andando pela Av. da Universidade e o vejo falando com alguém em uma parada de ônibus. Uma amiga que estava comigo diz que ele estava assaltando a pessoa e levanta seus argumentos, contudo não quero acreditar que o mesmo jovem que tinha trocado algumas palavras comigo estaria fazendo aquilo que ele disse que não queria fazer. Sigo meu caminho, mas aquilo fica na minha cabeça...

...ontem andando a noite pela Av. Treze de Maio adivinha quem encontro? O mesmo jovem ao lado de outro andando. Ele tenta me abordar, mas o pensamento de que ele possivelmente assaltou uma pessoa dias antes faz com que eu o ignore e siga no meu caminho. Contudo essa minha ação ficou perturbando minha mente: por que eu tinha feito isso? O que isso pode gerar? Quais as consequências da minha ação naquela pessoa?

...hoje andando pela Av. Treze de Maio adivinha quem encontro mais uma vez? Isso mesmo, o jovem. Dessa vez retiro uma simples cédula de dois reais e vou até ele para entregar. Ele me reconhece e digo que no outro dia não tinha nada para dar, mas dessa vez poderia ajudar. Converso um pouco com ele sobre que decisões tomar, sobre tomar cuidado com alguns caminhos e toda sua atenção olhando olho no olho mostra seu envolvimento naquela conversa. Mas eu sei... eu sei que uma cédula de dois reais não mudará em nada, não é de uma pequena assistência que ele precisa, mas foi o que deu para fazer...
Fonte


...depois de conversar com uma amiga pego minha bicicleta e sigo em direção a Av. da Universidade. Vejo o jovem comprando uma garrafinha de água com os dois reais. Talvez aquela simples assistência, aquela cédula de pouco valor tenha sido de muito valor e não tão simples naquele momento...







Nenhum comentário:

Postar um comentário