quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Uma pintura, uma echarpe e o zoológico humano

                Sabe quando você vai para o zoológico e fica fascinado com todos os animais? Está lá com sua família ou amigos e sai observando todos os animais. Tem aqueles animais que você ver e gosta de cara, acha bonito e tem aqueles que você vê e acha a coisa mais engraçada do mundo, então não se contenta e vira para a pessoa do lado e começa a falar e a fazer piadas com aquele animal, mas seu amigo não o acha tão engraçado e, diferente de você, fica espantado com a “feiura” ou o exótico daquela criatura... eu sou esse animal.
                Sim, sou esse animal. Por vezes todos nós nos sentimos parte desse zoológico humano, mas eu duas situações especiais notei que eu era o animal exótico naquele círculo social, porém já estava esperando essa reação das pessoas. Dois simples experimentos que um sociólogo poderia tirar muita coisa, porém só posso tirar algumas observações.
                Como já mencionei em outros textos, faço parte de um grupo de estudos do meio ambiente, o GEMA, e em uma das nossas apresentações artísticas – culturais os participantes têm seus rostos pintados e ao final de uma dessas apresentações fui para casa com o rosto pintado ainda. Não tenho problema com isso, tínhamos feito uma apresentação dentro de um órgão do Governado do Estado no período de greve dos professores e ao final levantamos uma faixa em defesa dos professores, então tinha sido uma apresentação muito incrível.

Pintura de Beniwendel
               A reação das pessoas ao ver outra pessoa com o rosto pintado já era esperada. Todos me olhavam como se eu fosse... sei lá...um bicho, mesmo sabendo que todos nós somos bichos interagindo uns com os outros, mas o engraçado foi que alguns fizeram piadas tentando “ferir a minha masculinidade”. Não vou mentir que até eu ri de algumas piadas, mas no geral foram coisas sem sentido. Não é a pintura que vai definir quem sou.
                A outra situação foi mais recente, estava conversando com um professor-amigo, Henrique Gomes de Lima, e vi em cima da mesa uma echarpe que estava com ele. Peguei a echarpe emprestada e disse para ele que devolvia depois, ele rapidamente perguntou: tem coragem de usar?
                Creio que ele já estava prevendo a reação das pessoas. Alguns acharam legal e interessante, mas a maioria ficava rindo da minha cara e mostrando para os outros. Não me era uma situação incomoda, porque eu estava observando atenciosamente todas as reações que eu conseguia, ou seja, enquanto estavam rindo da minha cara, eles estavam sendo “objetos de pesquisa”.
                Deveríamos fazer estudos mais aprofundados sobre esse tema, porque fica claro que o “incomum” no meio de um circulo chama a atenção, mas como as pessoas enxergam isso? Qual é a opinião das pessoas sobre isso? Vamos perguntar, pesquisar e escrever... e com relação ao receio do que vão dizer sobre você, uso a frase de umas tias minhas que moram no interior:


“teu pinto não vai cair por causa disso.”



2 comentários:

  1. miolodohenrique.blogsopot.com19 de janeiro de 2014 às 10:58

    Nos primórdios os anglo-saxões usavam um espécie de "saia" cuja denominação correta é Kilt. Ainda hoje a usam. Os islâmicos usam desde sempre túnicas longas a arranjos de tecidos na cabeça. Cristo usava túnica, cabelos longos e falava de amor.

    Já imaginou esses seres andando pelas cidades brasileiras?

    E Cristo, de túnica, cabelo abaixo do ombro, e falando de amor - seria ridicularizado e até o chamariam de " bicha velha" .

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    1. kkkkkkkk
      Rir para não chorar...o pior é que isso é verdade. Fico imaginando alguém usando um kilt aqui em Fortaleza.

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