domingo, 1 de junho de 2014

100 anos de glória e amor alvinegro

“... numa terça-feira, 2 de junho daquele distante 1914, dois jovens caminhavam descontraidamente pelo Centro de Fortaleza. Eram Luís Esteves Júnior e Pedro Freire a conversar sobre assuntos vários, destacadamente política internacional. Lá para as tantas, após Pedro Freire chutar uma pedrinha no meio do caminho, o assunto passou a girar em torno do football. Surgiu, então a ideia de formar um team para a prática daquela saudável, divertida e moderna modalidade esportiva.” (Trecho retirado do livro Ceará – Uma história de paixão e glória do prof. Aírton de Farias, publicado pelo Armazém da Cultura)

                Assim nascia o Rio Branco, time que no próximo ano passaria a se chamar Ceará, e nascia a alegria, emoção, raiva e gritos de toda uma nação. Surgiu ainda em um contexto onde o esporte era praticado, em sua maioria, pelos “bons moços” da sociedade, mas o Vovô seria um dos primeiros times a abraçar a profissionalização do esporte e permitir a participação de negros e pessoas de classe sociais menores, se assim posso dizer.
                Graças a isso rapidamente o Ceará caiu nas graças do povão e tornou-se a maior torcida do estado, título que carrega até hoje. Desculpem-me torcedores do Fortaleza, mas é um fato incontestável!
                E é essa torcida que o Vovô de Porangabussu faz ir ao delírio toda vida que está próximo de um jogo complicado. Alguns chamam, pejorativamente, de torcedores modinha, mas vou lhes dar outra explicação. O Ceará possui muitos torcedores, mas por seus motivos nem todos podem acompanhar todos os jogos do time, isso é normal, todos possuem compromissos e outras prioridades, mas tudo muda perto de algum jogo ou situação decisiva, é algo que não tem como explicar direito, está o sangue.
Imagem retirada da internet

                Um chamado... talvez possamos definir essa sensação como um chamado, uma convocação. Toda a torcida alvinegra é convocada para ajudar o clube naquela decisão. A nação alvinegra se reuni e prepara-se para defender o Vozão que mostra resposta diante da paixão de sua torcida.
                Ainda me lembro, com lágrimas nos olhos, de um dos maiores torcedores que esse time já possuiu, o meu avô. Seu entusiasmo pelo clube tornou “torcer pelo Ceará” quase um pré-requisito para a família Monte, logo ele que bem no início da sua vida não acompanhava futebol, nem interesse tinha pelo esporte, mas o destino fez dele um dos maiores torcedores alvinegros.
                Ele não era um daqueles torcedores que ia todos os jogos para o estádio, mas era aquele que não largava o radinho do pé do ouvido e diminuía o volume toda vida que seu neto curioso perguntava alguma coisa sobre o jogo, eu nem conseguia acompanhar o ritmo da narração no rádio, mas entendia a expressão que ele fazia e que era afirmada pela expressão que meu pai também vazia.
                Talvez a mesma expressão de muitos torcedores... expressões que iam desde alegria até tristeza, mas que nos últimos anos só são boas expressões, em sua maioria.
                Pode até parecer que estou fugindo totalmente da ideia do blog, mas não, muito pelo contrário. Vejam a influência que um time de futebol pode fazer em toda uma sociedade, as influências desse clube dentro de uma família. É capaz de unir um grupo de pessoas e fazer com que essas passem horas debatendo e até apostando nos resultados dos jogos e muitas vezes esses debates se elavam. Engana-se quem pensa que em um debate sobre futebol fica apenas no futebol, muitas vezes ao falar de futebol temos que falar de política, economia, exercitamos nossa matemática, porque pense na estatística que roda nossa cabeça para tentar prever o resultado de um jogo.
                E o Ceará causou muitos debates, afinal em cem anos de história dá para se debater muita coisa. São cem anos, o primeiro time cearense, o que tem mais títulos, o maior do estado...
                ... que tal conversarmos um pouco essa semana sobre toda essa história? Ah como eu queria meu avô nesse momento para me ajudar nisso, mas não tem problema, tenho sua história comigo.



 Gol do Tetra de 78:






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