quinta-feira, 26 de junho de 2014

Novo animal na fauna do Pantanal e da Amazônia, o elefante branco

Arena Pantanal
                Terminada a primeira fase da Copa do Mundo e com muitas surpresas dentre elas podemos mencionar a viagem de volta antecipada de algumas grandes seleções, a Costa Rica passando para outra fase, a mordida do Suarez (acho que nem é tão surpresa) e as poucas notícias, pelo menos que eu tenha visto, sobre os possíveis elefantes brancos, afinal Cuiabá e Manaus já não receberão mais jogos da Copa.
                Vamos tentar conversar um pouco sobre esse assunto que é certeza gerar um pouco de confusão. Desde a decisão de construir dois grandes estádios nessas duas cidades para receber os jogos do evento já se tinham diversas especulações sobre a possibilidade dos mesmos virarem elefantes brancos, porém o principal argumento utilizado é de que os locais estão sendo construído com espaços multiusos para não depender apenas de futebol.

                É um argumento interessante e que muitos não só aceitaram como repetiram exatamente igual àqueles que falaram esse discurso pela primeira vez, mas, como sou chato, para mim esse discurso não é digerido com facilidade, porque o mesmo argumento foi utilizado em outros eventos, incluindo a Copa do Mundo na África do Sul, e por conta dos altos custos na manutenção dos locais os mesmos podem ser considerados elefantes brancos. Um dos estádios da África do Sul, o Cape Town Stadium, chegou a ser cogitado sua demolição, porém pegaria mal caso isso fosse feito.
                Mas esse meu questionamento pode ser facilmente respondido com a afirmação de que na África do Sul o futebol não é tão forte, mas no Brasil sim. De fato isso é verdade, porém o futebol nessas duas regiões também não tem tanta representatividade, porque os clubes das regiões são mais presentes na série C e D. O Mato Grosso ainda é salvo pelo Luverdense que está na segunda divisão do Campeonato Brasileiro desse ano, porém acho muito difícil que ele consiga ser o responsável por lotar aquele estádio.
Arena da Amazônia

                Os clubes das duas regiões não possuem condições financeiras de assumir esses dois mega estádios, então teremos estádio de futebol sem futebol? Porque é preciso que tenha um clube que tenha interesse e condições de jogar naquele estádio para que ele possa ser mantido, sei que o que estou falando pode não parecer claro, mas imaginem se “misteriosamente” o Ceará e o Fortaleza decidissem não mais jogar no Castelão? Ele viveria somente de shows? Acho difícil que isso acontecesse, mas se bem que em se tratando de Cid Ferreira Gomes eu não duvido mais nada.
                Mas vamos voltar para o argumento mais utilizado: os estádios são multiuso. Segundoo IDEE (Instituto Dinamarquês de Estudos do Esporte), mesmo com esse critério de multiuso os estádios correm grandes riscos de se tornaram elefantes brancos. Em seu levantamento o instituto considerou estádios de 20 países e a média da pontuação da pesquisa foi de 13,4 ... a Arena da Amazônia ficou com pontuação 3,2 e a Arena Pantanal ficou com 0,8 ... acho que agora está mais difícil engolir o argumento de multiuso...
                Mas não precisam desanimar, porque fiz uma pesquisa rápida e descobri que existem soluções para esse problema. Na Arena Pantanal uma das principais possibilidades é fazer um “desmanche” no estádio para reduzir sua capacidade e na Arena Amazônica, segundo pesquisa feita a pedido do Governo Amazonense, a principal solução é privatiza-lo por 20 anos... é, não tem jeito, é desanimador mesmo ver que tanto dinheiro foi investido para se tornar elefante branco.
                Meus caros, pode até parecer que sou contra investimento esportivo nessas regiões, mas muito pelo contrário. Sou a favor de grandes investimentos no esporte em qualquer região, o que não posso aceitar é que essas regiões sejam utilizadas como bode-expiatórios para possíveis superfaturamentos e desvio de verbas.
                Também não podemos esquecer quatro pessoas: Antônio José Pita Martins, Raimundo Nonato Lima Costa, Marcleudo de Melo Ferreira e José Antônio da Silva Nascimento. São os quatro trabalhadores que morreram na construção da Arena da Amazônia.


“Oh, FIFA, não sou otário, nessa Copa tem sangue de operário!” – Uma das palavras de ordem das manifestações desse ano





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