domingo, 15 de junho de 2014

Tão surpreendente quanto uma Costa Rica

                E mais um dia interessante da Copa do Mundo para se comentar, estou falando do dia 14 de junho de 2014, e de um jogo em especial.

Fonte: Globo Esporte
                Para começar vamos falar aqui de Fortaleza onde aconteceu o jogo entre Uruguai e Costa Rica. O Uruguai veio para o campo para fazer valer sua superioridade e começar uma campanha rumo ao título, porque para eles seria interessante ganhar novamente aqui no Brasil, entretanto aconteceu algo que ninguém esperava. A seleção com pouca representatividade no futebol mundial, Costa Rica, até onde tenho conhecimento, reconhecendo seu adversário, mas valorizando sua vontade conseguiu ganhar do Uruguai.
                Não só ganhou, mas calou todos os torcedores uruguaios metendo 3x1. Acredito que os torcedores costa riquenhos devem está sorrindo até agora, porque mostraram que mesmo sendo uma seleção menor são capazes de fazer grandes “estragos”.
                Mas por que estou falando sobre isso? Parece até que estou fugindo da ideia do blog, mas é muito pelo contrário, porque fora do estádio, pouco antes de começar o jogo e durante o jogo um pequeno grupo, se comparado aos do ano passado, conseguiu surpreender o grande contingente policial que nos esperava... sim, me incluo, porque eu estava lá.

                Estava prevista uma manifestação com concentração próxima a UECE (Universidade Estadual do Ceará) com a intenção de fazer um ato que mobilizasse a população para uma manifestação no jogo entre Brasil e México, tentar estabelecer um diálogo com a população e tirar deles, de algum modo, o medo de se manifestar, o que é natural esse receio.
                Quando alguns ainda estavam chegando, mais ou menos umas dez pessoas, um grupo de policiais militares nos abordaram e pediram para ver nossas bolsas, até aí tudo tranquilo, mesmo que outro tenha se irritado um pouco com a ação policial, o que de fato foi exagerado, chegaram a pedir minha identidade falando o seguinte: vamos anotar o nome desse que é maior de idade para quando prendermos. Ou seja, eles já estavam dizendo que mais na frente iriam me prender e alguns outros.
                Na verdade isso não passava de uma estratégia para amedrontar alguns manifestantes para que possamos desistir do movimento, porém não deu muito certo. Embora não tenha dado certo à tentativa de causar medo por parte da policia era constante. Era muito comum a viatura da Cotam ficar passando bem ao nosso lado.
                Porém nada disso funcionou e não demorou para que alguns grupos chegassem e construíssem o movimento. Tivemos algumas orientações, como a de se evitar ao máximo o confronto, até porque estávamos em um número bem pequeno, e não deixarmos o grupo, ficarmos em grupo para mantermos o ato mais forte e unido.

                Seguimos pela Av. Dedé Brasil (não me acostumei a chamar o novo nome da avenida ainda) sentido estádio Castelão (me recuso a chamar de “arena”) com faixas e gritando palavras de ordem de diversos movimentos como desmilitarização da policia, liberação da maconha, valorização do professor, da educação, da saúde, campanha salarial dos motoristas e cobradores, além de outros, enfim, foi um movimento bem construído.
                Durante o ato alguns que estavam nas ruas se juntaram conosco e construíram o ato também. Durante toda a manifestação estávamos escoltados pela policia, só que não. Na nossa frente tinha duas viaturas da Cotam e atrás da gente tinha três viaturas, isso sem falar nas equipes do Raio que estavam nas ruas laterais nos acompanhando. Com toda certeza eles estavam preparados para um confronto, estavam querendo mostrar toda a sua força, afinal muitos que não foram imaginavam que iria ter um confronto com a policia.
                Foi justamente nessa forma de pensar que “os pegamos”. Tínhamos outra intenção com o ato e passava longe das nossas mentes entrar em um confronto, então quando chegamos próximos ao bloqueio policial retornamos manifestando até o ponto inicial do ato. É válido ressaltar que um grupo menor queria ir até o bloqueio, mas sabíamos que isso iria gerar um confronto direto.
                Retornamos ao ponto do começo do ato e nos surpreendemos com o GATE nos “escoltando” e um helicóptero sobrevoando nosso ato constantemente. Não posso esquecer-me de mencionar que alguns adolescentes foram abordados e quase apreendidos por estarem com baladeiras, eles não tinham feito nada, mas na fração de segundo que se separam do grupo maior, o Batalhão de Choque rapidamente apontou escopetas para eles e os encurralaram.
                Contudo rapidamente se resolveu o acontecido. Porém ficamos em alerta, porque sabíamos que se algum pequeno grupo se dispersasse eles iriam abordar e assim foi quando chegamos ao ponto final de fato. Quando começamos a nos dispersar o GATE rapidamente começou a agir e abordar todos que viam.

                Apesar de ter sido um movimento pequeno foi de grande importância para mostrar para a população nossos objetivos e até para reforçar em nós mesmos o sentimento de não nos amedrontarmos e irmos para a luta.



Nenhum comentário:

Postar um comentário